sábado, 2 de outubro de 2010

Bernardo Corbelini


É claro que estava nervoso. Como não estaria? Nunca havia feito algo tão perigoso em sua vida. Bernardo estava começando a sentir o pingo do suor escorrer entre sua orelha esquerda, deslizando suavemente por seu pescoço. Foi o primeiro de muitos pingos de suor a vir a partir daquele momento, pensou. Suas mãos, que eram normalmente ásperas, agora mal conseguiam segurar o lápis em sua mão de tão escorregadias que estavam. É o fim. Não tem mais como escapar. Seus pés estavam inquietos. Parecia que estavam competindo para ver quem chamava mais atenção. Parem com isso seus medrosos! , ele sussurrou. E mesmo assim seus pés continuavam a zabumbar ( incomodar com ruído = atordoar ) , fazendo movimentos giratórios e pendulares que acabavam batendo no pé da mesa." Tum, Tum", faziam a cada instante.
Não pode ser, está demorando demais! Isso deve ser um sinal, eu não deveria estar fazendo isso. É arriscado demais!, pensava Bernardo. Calma, vai dar certo. Eu já cheguei até aqui, não vou desistir.
- Bernardo Corbelini.
Ouviu alguém lhe chamando.
- Bernardo Corbelini!
De quem era essa voz , que naquele momento parecia tão distante?
- Bernardo Corbelini!! Está se fazendo de surdo?! Está encontrando alguma dificuldade em realizar seu dever?
Era ELA.
Bernardo negou.
- Então continue a realizá-lo, em silencio!!
Calma garoto, concentra! , continuava a pensar consigo. Não pode ser tão difícil assim. Mas e se eu a beijar sem querer?!, desta vez Bernardo pensou em voz alta e quando percebeu todos da sala estavam rindo dele.
- Que idiota. - Ouviu aquele menino com um nome estranho (acho que era Marksvauler ) comentar para Bruna. Esta riu e concordou.
Todos estavam rindo e apontando para ele.
- Agora chega, Bernardo Corbelini! Entregue sua prova e saia da sala de aula. Você levará uma advertência!
Humilhado, Bernardo se levantou da cadeira e estendeu sua prova para a Prof. Adélia - 39 anos, solteira, verruga no canto esquerdo superior do lábio -e continuou em pé na sua frente. Ela pegou grosseiramente a prova de suas pequeninas mãos.
- O que é que você quer aí parado?! Está achando que isto que algum tipo de piada? saia imediatamente!
Bernardo porém, continuou parado, encarando-a.
- O que é, menino teimoso?!
" É agora ou nunca. ", pensou Bernardo. " É melhor falar de uma vez".
Naquele momento todos estavam com seus olhares fixos em Bernardo. A professora olhava para ele , impaciente, esperando uma reação. E então, Bernardo disse como se estivesse guardando aquela informação importante por muito tempo:
- Eu te amo professora Adélia! E queria que você fosse minha namorada e me desse o meu primeiro beijinho. Eu não suporto mais viver sem você. Eu penso em você todo dia. Toda aula eu te olho e fantasio que você é minha esposa inteligente e eu seu marido burro. Eu tive que lhe dizer isso agora, pois já estou ficando velho e ano que vem não vou ser mais seu aluno. E meu avô uma vez me disse: Antes tarde do que nunca. Me desculpe por meus lábios, eles só querem compensar a dor de não poder tê-la em meus braços.
Tendo dito isso, Bernardo subiu na cadeira que estava ao seu lado, deu um beijo nos lábios da professora e então saiu da sala, correndo pelos corredores do colégio. A professora, atônita, não conseguia dizer nada porque parecia ainda não entender aquela situação. A turma toda parecia também não entender. Então Adélia olhou para o pedaço de papel em sua mão. A prova estava em branco e nela havia escrito: Bernardo Cabral Corbelini, 1ª série, turma A. E no verso da folha havia um desenho do pequeno Bernardo e sua professora morando numa casinha com uma chaminé. Ao lado da casinha havia rabiscado, em letras emaranhadas : Eu te amo, mas como posso fazer disso um segredo só nosso se tenho medo do amor?



Bernardo Corbelini

É claro que estava nervoso. Como não estaria? Nunca havia feito algo tão perigoso em sua vida. Bernardo estava começando a sentir o pingo do suor escorrer entre sua orelha esquerda, deslizando suavemente por seu pescoço. Foi o primeiro de muitos pingos de suor a vir a partir daquele momento, pensou. Suas mãos, que eram normalmente ásperas, agora mal conseguiam segurar o lápis em sua mão de tão escorregadias que estavam. É o fim. Não tem mais como escapar. Seus pés estavam inquietos. Parecia que estavam competindo para ver quem chamava mais atenção. Parem com isso seus medrosos! , ele sussurrou. E mesmo assim seus pés continuavam a zabumbar ( incomodar com ruído = atordoar ) , fazendo movimentos giratórios e pendulares que acabavam batendo no pé da mesa." Tum, Tum", faziam a cada instante.
Não pode ser, está demorando demais! Isso deve ser um sinal, eu não deveria estar fazendo isso. É arriscado demais!, pensava Bernardo. Calma, vai dar certo. Eu já cheguei até aqui, não vou desistir.
- Bernardo Corbelini.
Ouviu alguém lhe chamando.
- Bernardo Corbelini!
De quem era essa voz , que naquele momento parecia tão distante?
- Bernardo Corbelini!! Está se fazendo de surdo?! Está encontrando alguma dificuldade em realizar seu dever?
Era ELA.
Bernardo negou.
- Então continue a realizá-lo, em silencio!!
Calma garoto, concentra! , continuava a pensar consigo. Não pode ser tão difícil assim. Mas e se eu a beijar sem querer?!, desta vez Bernardo pensou em voz alta e quando percebeu todos da sala estavam rindo dele.
- Que idiota. - Ouviu aquele menino com um nome estranho (acho que era Marksvauler ) comentar para Bruna. Esta riu e concordou.
Todos estavam rindo e apontando para ele.
- Agora chega, Bernardo Corbelini! Entregue sua prova e saia da sala de aula. Você levará uma advertência!
Humilhado, Bernardo se levantou da cadeira e estendeu sua prova para a Prof. Adélia - 39 anos, solteira, verruga no canto esquerdo superior do lábio -e continuou em pé na sua frente. Ela pegou grosseiramente a prova de suas pequeninas mãos.
- O que é que você quer aí parado?! Está achando que isto é algum tipo de piada? saia imediatamente!
Bernardo porém, continuou parado, encarando-a.
- O que é, menino teimoso?!
" É agora ou nunca. ", pensou Bernardo. " É melhor falar de uma vez".
Naquele momento todos estavam com seus olhares fixos em Bernardo. A professora olhava para ele , impaciente, esperando uma reação. E então, Bernardo disse como se estivesse guardando aquela informação importante por muito tempo:
- Eu te amo professora Adélia! E queria que você fosse minha namorada e me desse o meu primeiro beijinho. Eu não suporto mais viver sem você. Eu penso em você todo dia. Toda aula eu te olho e fantasio que você é minha esposa inteligente e eu seu marido burro. Eu tive que lhe dizer isso agora, pois já estou ficando velho e ano que vem não vou ser mais seu aluno. E meu avô uma vez me disse: Antes tarde do que nunca. Me desculpe por meus lábios, eles só querem compensar a dor de não poder tê-la em meus braços.
Tendo dito isso, Bernardo subiu na cadeira que estava ao seu lado, deu um beijo nos lábios da professora e então saiu da sala, correndo pelos corredores do colégio. A professora, atônita, não conseguia dizer nada porque parecia ainda não entender aquela situação. A turma toda parecia também não entender. Então Adélia olhou para o pedaço de papel em sua mão. A prova estava em branco e nela havia escrito: Bernardo Cabral Corbelini, 1ª série, turma A. E no verso da folha havia um desenho do pequeno Bernardo e sua professora morando numa casinha com uma chaminé. Ao lado da casinha havia rabiscado, em letras emaranhadas : Eu te amo, mas como posso fazer disso um segredo só nosso se tenho medo do amor?